quarta-feira, 5 de junho de 2024

1811_-_MORFEU_E_I´RIS

Logo ao nascer, banhou-se nas águas do pecado. Subiu à montanha para dar a bunda. Desceu, retirou sua manta e descansou.

Virou peixe, depois virou fogo. Percebeu que era fogo antes de ser água e depois de ser nada. Era mais feliz quando era nada, mas também era ninguém. Voltou a se banhar nas águas do pecado para ao menos ter algo de pedir perdão ao Homem.

Ajoelhou e clamou pelo perdão que nunca recebeu. Chorou, foi beijada pelas pedras, pelas águas, pelos pássaros e pelas nuvens de metal. Gritou à um Deus que nem sequer sabia se existia para conseguir o perdão de um Homem.

Foi para a magia para comer o Diabo e infelizmente teve sucesso. Depois veio a chorar por três anos inteiros, deitada na copa de um Baobá.

Tão imersa em sua melancolia, esqueceu a beleza e grandiosidade daquela árvore que deitava seus braços. Talvez lá, em si e nela, havia descoberto Deus.